domingo, 9 de outubro de 2011

PERTUBA-ME

Quando resolvi me matricular no curso de especialização em arte/educação, foi numa entrevista para arte educadora de teatro. Não pensem vocês que eu fui reprovada – motivo da minha atitude – Para meu desespero, recebi uma ligação dizendo: Parabéns, você foi escolhida no nosso processo seletivo.
Foi uma saga de entrevistas, dinâmicas e testes. Minha formação é técnica, sou atriz. Simples assim. Tenho bacharelado em administração de empresas, mas hoje sinto a falta de um curso de licenciatura. E em breve pretendo fazer artes visuais. Mas voltando às minhas perturbações, na entrevista uma moça que estava lá me disse que tinha se formado nesse curso e que a ajudou muito como atriz, disse que seu trabalho tinha ganho um novo olhar.
Na dinâmica, estudantes de artes cênicas da USP, de filosofia também da mesma universidade, atores pela FPA, arte educadores, atores formados pela SP Escola de Teatro e etc... Senti-me muito nadinha perto de tanta gente boa... Volta-me á questão por que fui escolhida?
Como já disse, quando chegou a hora da verdade eu recusei a vaga, agradeci e pedi desculpas, vi que não tinha o menor preparo para encarar uma sala de aula de uma ONG e conduzir um trabalho tão grande e ainda ‘dirigir’ o trabalho dos outros arte-educadores.
Não era somente uma formação, eu sentia (e ainda sinto) a necessidade de me entregar numa outra esfera de arte, abrir caminhos, ampliar repertório, conhecer, vivenciar, criar, descobrir.
É sabido que o curso trata-se de arte/educação e eu ainda não sei se de fato quero trabalhar e atuar nessa área, mas ainda estou descobrindo. Não me condenem, nem me julguem, quero estar aqui e está me fazendo muito bem.
Ocorre que eu encontrei uma distinção muito grande entre artista e professor. Parece que professor não é artista e eu que sou artista nunca poderei ser professora. Quando estou lendo ou quando estamos em algum exercício me ponho na posição de artista, de criadora e não do agente estimulador da arte. Sei que aos poucos essa visão está mudando e ao conhecer mais os colegas aprendo mais, crio mais, e meu olhar se apura.
E essa ótica sobre a dimensão do que se pode fazer com a arte e as coisas que não fazemos, a sensibilidade, a criação, a perturbação, enfim... Agradeço ter participado daquela entrevista e também de não ter aceitado o convite. Coisas que só me perturba, porque me atravessa...



Postado por:
Vanessa Corrêa

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